Estrutura Básica do Cálculo Judicial
Os cálculos judiciais consistem na apuração de valores monetários relacionados às decisões judiciais, atuando como instrumentos que traduzem, em números, os direitos e obrigações reconhecidos em processos.
Autor: Edmilson Galvão Publicação: 12/05/2025 Atualização: 12/05/2025

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O cálculo judicial é o instrumento técnico que viabiliza a quantificação de obrigações de pagar valores em processos judiciais, seja em fase de conhecimento (liquidação) ou cumprimento de sentença.
Trata-se de um documento indispensável à efetivação da tutela jurisdicional quando a sentença depende de apuração de valores. Para que seja considerado válido e eficaz, o cálculo judicial deve obedecer a uma estrutura lógica, técnica e legalmente adequada, conforme previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
A estrutura de um cálculo judicial deve ser clara e organizada, contendo informações suficientes para que todas as partes envolvidas compreendam como os valores foram apurados.
Além disso, o cálculo deve ser inteligível, acessível e auditável, não bastando apenas o valor final: é necessário que os critérios estejam expostos com clareza, conforme orientação do CNJ e dos tribunais.
1 - Estrutura Essencial de um Cálculo Judicial
O cálculo judicial deve respeitar os princípios da transparência, contraditório, ampla defesa e motivação dos atos processuais. Isso implica que o demonstrativo apresentado deve permitir à parte contrária impugná-lo de forma precisa (art. 525, §4º do CPC), sob pena de preclusão.
O artigo 524 do Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, estabelece os requisitos essenciais para apresentação de um cálculo no âmbito do processo judicial conforme transcrito a seguir:
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
Importante observar que apesar do artigo 524 do Código de Processo Civil fazer referência a fase de liquidação e cumprimento de sentença os dados acima são essenciais para qualquer tipo de cálculo apresetado no ambito judicial e em todas as esferas da justiça.
Assim, com base no dispositvo legal acima podemos definir que a estrutura de cálculo um cálculo judicial deve conter os elementos descritos a seguir:
1.1 - Identificação do Processo
O cálculo deve iniciar com a identificação completa do processo, incluindo o número, a vara ou tribunal responsável, os nomes das partes (autor e réu) e a qualificação técnica do profissional que elaborou o cálculo.
- Número do processo judicial.
- Vara ou tribunal de tramitação.
- Nome das partes (autor e réu).
1.2 - Especificação das bases utilizadas, tais como:
- Índices de atualização monetária.
- Juros aplicáveis.
- Métodos de cálculo (pro-rata, acumulativo, regressivo, entre outros).
- Fundamentação técnica e legal dos critérios adotados.
1.3 - Apresentação detalhada dos valores apurados
Os valores apurados devem ser discriminados, especificando o principal, a correção monetária, os juros de mora (com detalhamento das taxas e períodos), multas e encargos aplicáveis.
- Valores principais.
- Correção monetária e índices aplicados.
- Juros de mora, com discriminação das taxas e períodos aplicados.
- Multas e encargos, quando aplicáveis.
- Totalização do valor devido, apresentando o montante final de forma destacada.
2 - Outros Elementos importantes do Cálculo Judicial
Além dos requisitos elencados acima é importante que o cálculo judicial apresente outros elementos e informações que são fundamentais para o entendimento do cálculo elaborado.
É importante apresentar um resumo introdutório esclarecendo a finalidade do cálculo, informando a natureza da demanda (trabalhista, cível, previdenciária etc.), a decisão judicial que o motivou e o período ou eventos considerados na apuração.
É fundamental detalhar os métodos utilizados, como índices de correção monetária e taxas de juros, e justificar tecnicamente e legalmente as escolhas feitas. Esse detalhamento garante transparência e legitimidade ao cálculo.
3 - Conclusão
A estrutura de um cálculo judicial não se resume à simples apresentação de um valor final. Trata-se de uma peça técnico-jurídica essencial à efetividade do processo, devendo ser elaborada de forma clara, detalhada, fundamentada e dentro dos parâmetros legais.
Um cálculo bem estruturado não apenas facilita a análise do juiz e das partes, como também reduz riscos de impugnações, nulidades e retrabalho processual.
Assim, a correta elaboração de cálculos judiciais, aliada ao uso responsável de ferramentas tecnológicas e ao conhecimento jurídico necessário, contribui para a celeridade e segurança jurídica no processo.
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Escrito por:

Possui mais de 10 anos de experiência atuando como perito contábil do juízo em varas da Justiça Federal, Estadual e da Justiça do Trabalho além de atuar como consultor em matéria de cálculos judiciais para Escritórios de Advocacia, Empresas e Advogados.